LADRÃO DE FELICIDADE Salvador Fernando Lamberty |
Num paraíso de sonhos Marlene e José se amavam Toda vez que se encontravam Juravam eterno amor Mas o destino traidor Cruel, amargo e atrevido, Jogou seus sonhos floridos Numa cascata de dor. Marlene, uma moça rica, Um futuro tão brilhante O seu olhar fascinante Tornava a mais preferida Por todos era querida, Era meiga e tão formosa, Como o florar de uma rosa Na primavera da vida. Enquanto José era pobre, Vivia do seu trabalho. Era uma gota de orvalho No jardim da humanidade Com tanta honestidade, Fibra, ardor e respeito Tinha um coração no peito Feito de amor e bondade. Num lapso de muitos dias Ele foi correspondido, Era um romance escondido Mas tão cheio de pureza. Naquela estranha beleza Pelo amor que então sentia. Esqueceu tudo o que tinha Para enfrentar a pobreza. Até que um dia Marlene Foi chamada por seu Pai: Minha filha você vai Contar tudo o que se passa Não quero que uma desgraça Venha nos trazer tristeza. Conte tudo com franqueza Deixe de fazer trapaça. Marlene baixou os olhos Lágrimas pelo seu rosto: "Papai se lhe dou desgosto De joelhos peço perdão. Eu sei que a tua intenção E que eu viva pros estudos, Mas eu amo acima de tudo São ordens do coração." Houve um olhar em silêncio Como um sinal de revolta: "- Eu prefiro vê-la morta Deitada sobre um caixão Frente a uma multidão Rodeada de quatro velas, Prefiro nunca mais vê-la Se casar com aquele peão." Foi como se um temporal Desmoronasse um castelo. Um coração tão singelo Pra suportar tanta dor "- Se na vida só há um amor E me roubam a liberdade, Um mundo de crueldades Para mim não tem valor." Quando foi tarde da noite Ela foi sem ninguém ver Ao seu amado dizer A sua infelicidade E envolvidos pela maldade, Num olhar terno e severo Por um copo de veneno Partiram para eternidade. No outro dia a alvorada Era um painel de tristezas. Enlutou-se a natureza Quando foram encontrados, Estavam bem abraçados E inertes sobre o chão, Ela trazia entre as mãos Num bilhete este recado: "- Papai, teu desejo foi feito, Podes me ver sobre a mesa Não lamentes de tristeza, Nem chores a infelicidade. Fiques com tua vaidade, Teu orgulho amaldiçoado E o remorso de ter me roubado A vida e a felicidade. Diga a mamãe que lá do céu Eu vou sentir a falta dela. Entregues um beijo a ela E diz pra me perdoar. Talvez ela vá chorar Pois parto sem dizer nada, Já que aqui não tem morada Pra quem aprendeu a amar." Este foi mais um romance Que o tal destino exauriu. Duas flores que pelo frio Secaram ao rigor do vento. Com linhas de pensamento Fornou-se um livro de ensinos, Escrito pelo destino, Com letras de sofrimento. Que isso sirva de exemplo A muitos pais de família, Que fazem de suas filhas Objetos de ambição. Essa dramática lição Mostra ao povo interesseiro. Que o orgulho e o dinheiro Não mandam no coração. |
"Sentinelas Cultuando as Tradições do Pago" Rua: Porto Alegre, 216 - Bairro Cedro -Alvorada
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
POESIA - Ladrão de Felicidade
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Ain...
ResponderExcluirEssa poesia é uma lição de vida!!!
Mto linda mesmo!!!