quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Sobre a nossa Cuia e Chimarrão

 O PORONGO E A CUIA DE CHIMARRAO

O Porongo, propriamente dito, já era conhecido pelos Índios Guaranis no ano de 1580, quando então receberam os Jesuítas de Manoel da Nóbrega que prontamente se apresentaram para vir ao Guairá. Eles serão os pioneiros da Companhia de Jesus no Paraguai, eles, os Jesuítas da província de Portugal. Sofreram rivalidades e acusações infundadas, prisão, ferro e humilhações.
Estiveram quase perto de Porto Alegre, pois andaram na Aldeia dos Anjos (hoje Gravataí), foram embrulhados devidamente pelo astuto Cacique Anjos, e só desistiram do sul porque eles iam fatalmente entrar em choque de interesses com os Jesuítas Castelhanos, que desde Lima, Peru, avançavam pelo sul e para o leste.
Pois foi no Guairá que os Jesuítas encontraram a “Erva do Diabo”, uma droga que tirava o cansaço dos índios e fazia com que não sentissem a fome e até excitava-os sexualmente.
Era muito fácil fazer o tal chá. Primeiro, os índios colhiam a erva no mato (“Caa”, em Guarani, quer dizer tanto mato como erva), sapecavam ligeiramente as folhas com os restinhos dos galhos segados, amarravam um feixe com essas ramas por cima do fogo e alí ficava tudo, balanceando e ressecando devidamente. Quando as folhas estavam estalando e se rachando, era só socá-las num pilão de madeira dura com um toco longo, fino e cabeçudo, chamado de “Mão de Pilão.” Tinha-se assim, e em menos de uma semana, erva pronta para o preparo do tal chá Guarani.
Era assim: O índio pegava o fruto de uma planta (Legionária Vulgaris, uma das cucurbitáceas, portanto parente da velha abóbora campeira) chamada de “Porongo”, em forma de oito. À  parte de cima, a parte menor do oito, era cortada e deixada para secar. Então ficava pronta a cuia, recipiente do tal chá.
PLANTIO
O plantio do porongo se dá nos meses de Julho, Agosto, Setembro e raramente em Outubro.
A primeira colheita se faz no mês de Janeiro quando o Porongo já está lorando (ficando maduro) e pronto para ser raspado manualmente ou no escovão de aço, permitindo assim uma cor amarelada. Nesses casos, o Porongo deve ter uma atenção redobrada no processo de secagem para não “xuringar” (encolher, retorcer-se), outra maneira é deixar o Porongo secar na lavoura, aonde a colheita se faz lá pelo mês de maio, permitindo uma secagem uniforme e homogenia. Começa aí, o processo de beneficiamento do Porongo para transformá-lo em cuia.
BENEFICIANDO O PORONGO
Após a colheita, corta-se o Porongo na parte de cima, separando-se a cuia da parte de baixo do Porongo, chamada de “Bunda do Porongo.”
Já com a cuia extraída do Porongo, coloca-se a mesma em estaleiro e a sombra onde circula corrente de ar, para não rachar e perder seu cheiro característico. Após isso, em primeiro lugar fura-se o centro da cuia retirando do seu interior, o bagaço mole até chegar na parede dura da cuia, após, lixa-se a aba ou bocal e seu interior deixando-a bem lisinha.
A parte do acabamento fica por conta de uma boa cera de polir, em um motor de alta rotação para dar brilho uniforme. Temos então, uma cuia lisa e polida.
CUIA
A cuia dentre os apetrechos do mate, é a mais cantada e declamada pelos poetas sulinos. A cuia, que deve ser sempre de Porongo e, prefencialmente, o Porongo grosso ou doce, é o recipiente mais adequado para o Mate ou chimarrão do gaúcho, já que não modifica o seu sabor, não permite que a erva fique lavada precocemente, e não alterando ainda, a temperatura da água.
Existem cuias, confeccionadas de outros materiais, tais como madeira, barro cozido, porcelana, vidro e até de plástico, que foram diferentes tentativas de se buscar outros recipientes para o mate, em períodos diversos da história. Tentativas essas que restaram frustradas, já que nenhum se mostrou capaz de competir com o velho Porongo, descoberto pelos Índios Guaranis e conservado hediornamente, como vasilha ideal para o mate, cujo plantio é intensificado ano após ano, já que o hábito de matear continua fazendo adeptos.
ESCOLHENDO UMA BOA CUIA
Para se escolher uma boa cuia, quer para chimarrão, quer para mate-doce, deve-se primeiramente levar em consideração o tipo de Porongo “Casco Grosso e Doce” que é de uma variedade mais apropriada ao mate. Se para matear sozinho, uma cuia pequena, para matear duas ou três pessoas, uma cuia média, para matear em rodas de chimarrão, usa-se uma cuia grande.
COMO CURAR SUA CUIA DE PORONGO
Para curar a cuia de Porongo, é necessário que a mesma seja cheia antes do seu uso, com água quente, não fervida, e cinza de lenha de fogão ou lareira, para eliminar fungos ou bactérias, evitando mofo e ainda, enrijecer o casco, deixando-se por aproximadamente 24 horas, completando-se a água sempre que absorvida pelo Porongo até o bocal da cuia. Após, a cuia deve ser lavada em água corrente deixando-se secar por 72 horas, na sombra e em local ventilado. Finalmente, colocam-se novamente, duas a três colheres de sopa de erva-mate nova de sua preferência e água quente (não fervida) para não trincar ou rachar a cuia, e para curtir a cuia parelha.
Após, novamente, deixa-se secar por mais 48 horas; o ideal é repetir o processo por duas ou três vezes.
CONSERVANDO SUA CUIA DE PORONGO
Uma cuia bem curada é um processo que deve durar de 12 a 15 dias, exigindo-se muito cuidado e carinho, pois esta não pode cair no chão, não deve ficar exposta ao sol, e deve ser bem lavada e enxugada com um pano de algodão.
Para se conservar uma cuia de Porongo sempre boa, sem azedar ou alterar o gosto do mate, é necessário tomar alguns cuidados, tais como: Primeiramente, a cuia não deve ser envernizada ou pintada externamente, deve ser polida com cera para dar brilho natural ao Porongo.
A cuia depois de curada, não pode ser usada diariamente, de forma contínua. O ideal, é que se use a cuia em um dia e outro não, deixando sempre secar em local arejado e na sombra, não podendo ficar com a boca para baixo, para não mofar.
Fonte: 500 Anos de História da Erva-Mate. Dorival Berkai e Airton Braga, Editora do Cone Sul, 3ª ED. História do Chimarrão Barbosa Lessa / Sulina Porto Alegre RS 1986

Tipos de Chimarrão 












 Material retirado:
 http://chimarrao.net/tudo-sobre/tipos-de-chimarrao/

Indumentaria atual da Prenda



SAIA E BLUSA OU BATA:
Nas apresentações artísticas, o traje feminino deve representar a mesma classe social do homem.

Saia com a barra no peito do pé, godê, meio-godê ou em panos.

Blusa ou bata de mangas longas, três quartos ou até o cotovelo (vedado o uso de “boca de sino” ou “morcego”), decote pequeno, sem expor os ombros e os seios, podendo ter gola ou não.

Tecidos: lisos e mais encorpados, bordados no mesmo tom da blusa, ter o cuidado de escolher cores harmoniosas e lisas, esquecendo as cores fortes, berrantes e fosforescentes.

É vedado usar enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e demais tintas e purpurinas 



SAIA E CASAQUINHO

Saia com a barra no peito do pé, godê, meio-godê ou em panos, sem bordados.

Tecidos: lisos e mais encorpados, não transparente, sem usar enfeites dourados,

prateados, pinturas à óleo e demais tintas e purpurinas. Bordados discretos, ter o cuidado de escolher cores harmoniosas e lisas, esquecendo as cores fortes, berrantes e fosforescentes.

Casaquinho: de mangas longas (vedado o uso de mangas “boca de sino” ou “morcego”),
gola pequena e abotoado na frente.

Obs.: Saia com casaquinho (roupa de época), a saia deve ser lisa. No casaquinho poderá ter bordados discretos.





VESTIDO:
Inteiro e cortado na cintura ou de cadeirão ou ainda corte princesa com barra de saia no peito do pé, corte godê, meio-godê, franzido com ou sem babados
.
Mangas – longas, três quartos ou até o cotovelo, admitindo-se pequenos babados nos punhos, sendo vedado o uso de “mangas boca de sino” ou “morcego”.

Decote – pequeno, sem expor ombros e seios.

Enfeites – de rendas, bordados, fitas, passa-fitas, gregas, viés, transelim, crochê,
nervuras, plisses, favos. É permitida pintura miúda, com tintas para tecidos. 
Não usar pérolas e pedrarias, bem como, os dourados ou prateados e pintura a óleo e demais tintas ou purpurinas.

Tecidos - lisos ou com estampas miúdas e delicadas, de flores, listras, petit-poa e xadrez, delicado e discreto. Podem-se ser usados tecidos de microfibra, crepes, oxford. Não serão permitidos os tecidos brilhosos ou fosforescentes, ransparentes, slinck, lurex,rendão e similares.

Cores – devem ser harmoniosas, sóbrias ou neutras, evitando-se contrastes chocantes.
Não usar preto, as cores da bandeira do Brasil e do RS (combinações)
Na categoria mirim: não usar cores fortes (ex: marrom, marinho, verde escuro, roxo, bordô, pink, azul forte).




SAIA DE ARMAÇÃO
 Leve e discreta, na cor branca. Se tiver bordados, estes devem se concentrar nos rodados da saia, evitando-se o excesso de armação. O comprimento deve ser inferior ao do vestido.









BOMBACHINHA
Branca, de tecido, com enfeites de rendas discretas, abaixo do joelho, cujo comprimento deverá ser mais curta que o vestido.













MEIAS
Devem ser de cor branca e longas, o suficiente para não permitir a nudez das pernas.

SAPATOS

Sapatilha - nas cores preta, marrom e bege, com salto 5 ou meio salto, com tira sobre o peito do pé, que abotoe do lado de fora 

Botinhas - nas pretas, marrom (vários tons de marrom). O salto da botinha é de 5cm.

sapatilhas e botinhas de prenda




Não é permitido: Uso de sandálias e nem de sapatos abertos com vestidos, saias e
casacos e saia e blusa.(em nenhum momento é permitido o uso de sapatos abertos com pilcha feminina).


CABELOS
Podem ser soltos, presos, semi-presos ou em tranças, enfeitados com flores naturais ou artificiais, sem brilhos ou purpurinas.
.
Obs.: O coque é permitido somente para prendas adultas e veteranas.
As flores poderão ser usados por prendas adultas e juvenis, bem como, um pequeno passador (travessa). As prendas mirins não usam flores. Proibido o uso de plástico.


MAQUIAGEM:
Discreta de acordo com a idade e o momento social.
Maquiagem discreta para prendas adultas, veteranas e chinocas. Sombra em tons neutros, blush discreto, máscara para cílios, lápis de olho e batom.

UNHAS:
Para as unhas das prendas, se recomenda cores sóbreas, claras e não devem fazer uso de enfeites na pintura.


JÓIAS:   
    Cuidados: devem ser sempre discretas, de acordo com a idade, a classe e o momento social.
    Uso da pérola: São permitidas as joias e semi-jóias com uso de pérolas, nas cores branco, rosado, cre­me e champanhe, nos brincos, anéis e camafeus.
   Uso de Pedras: permitido, desde que sejam discre­tas.




Prenda Mirim


     Mangas – longas, três quartos ou abaixo do cotovelo, admitindo-se pequenos babados nos punhos, sendo vedado o uso de “mangas boca de sino” ou “morcego”. No verão podem ser curtas, arrematadas com babadinhos.

Decote – pequeno, podendo ter gola ou não.
Enfeites – não sobrecarregar, a fim de evitar a desfi­guração dos modelos. Optar pelos motivos florais delicados e miúdos. Podem ser usadas rendas, bordados, fitas, pas­sa-fitas, gregas, viés, transelim, crochê, nervuras, plisses, favos. É permitida pintura miúda, com tintas para tecidos. Não usar pérolas e pedrarias, bem como os dourados ou prateados e pintura à óleo e purpurinas.
Tecidos  - lisos ou estampados miúdos e delicados, de flores, listras, petit-poa e xadrez. Podem ser usados tecidos de microfibra, crepes, oxford. Não serão permiti­dos os tecidos brilhosos ou fosforescentes, transparentes, slinck, lurex, veludo, rendão e similares.
      Cores – delicadas, suaves e claras, evitando as cores cítricas, o marrom, o marinho, o verde escuro, o roxo, o bordô, o Pink e o azul forte. Vedado o uso de vestidos de cor preta (nem nos detalhes), além de combinações nas cores da bandeira do Rio Grande do Sul e do Brasil.
A cor branca fica facultado para noivas e debutantes.


Bombachinha e saia de armação segue a categoria adulta.


Sapatilhas:
Nas cores: preta, branca, bege e marrom. 
Sem salto ( 1 cm a 2,5cm). Com tira no peito do pé, que feche no lado.

Jóias:
Brincos e anéis delicados, de jóias ou imitações.

Maquiagem:
vedada para mirim.



Material tirado do Livro: 
"Diretrizes para a Pilcha Gaúcha - Traje Atual 
Comentado e Ilustrado"

à venda no MTG e nas DIRETRIZES PARA A PILCHA GAÚCHA ATUALIZADA que se encontra no site do MTG(Movimento Tradicionalista Gaúcho)



























Indumentaria Atual  do Peão




BOMBACHAS:
Tecidos: brim (não jeans), sarja, linho, algodão, oxford, microfibra.

Cores: claras ou escuras, sóbrias ou neutras, tais como marrom, bege, cinza, azulmarinho,verde-escuro, branca, fugindo as cores agressivas, fosforescentes, fugindo das cores contrastantes e cítricas, como vermelho, amarelo, laranja, verde-limão, cor-de-rosa.

Padrão: liso, listradinho e xadrez discreto.

Modelo: cós largo sem alças, dois bolsos na lateral, com punho abotoado no tornozelo.

Favos: O uso de favos e enfeites de botões,depende da tradição regional. As bombachas 
podem ter, nos favos, letras, marcas e botões.
Obs.: roupas de época não podem ter marcas.

Largura: com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use sua bombachas no tamanho 40, automaticamente deverá ter aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.
Modelo de favos

Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e não seja confundida com uma calça.
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
- É vedado o uso de bombachas plissadas e coloridas.


CAMISA:
Tecido – preferencialmente algodão, tricoline, viscose, linho ou vigela, microfibra (não transparente), oxford.

Padrão – liso ou riscado discreto

Cores – sóbrias claras ou neutras preferencialmente brancas. Evitando cores agressivas e contrastantes.
Gola – social (ou seja, abotoada na frente, em toda a extensão, com gola atual, com punho ajustado com um ou mais botões).

Mangas longas – para ocasiões sociais ou formais, como festividades, cerimônias,
fandangos, concursos.

Mangas curtas – para atividades de serviço, de lazer e situações informais.

Camiseta de malha ou camisa de gola pólo – exclusivamente para situações informais e não representativas. Podem ser usadas com distintivo da Entidade, da Região Tradicionalista e do MTG.
Obs.: Vedado o uso de camisas de cetim e estampadas.


COLETE:
Se usar paletó poderá dispensar o colete.

Modelo tradicional (do mesmo tecido e cor das bombachas, podendo ser tom sobre tom), sem mangas e sem gola, abotoado na frente com a parte posterior (costas) de tecido leve, ajustado com fivela, de uma cor só, no comprimento até a altura da cintura.
As botas “garrão de potro” são utilizadas  exclusivamente com traje de época. 



LENÇO
no caso do uso com algum tipo de nó, com a medida de 25 cm a partir deste.
Com o uso do passador de lenço, com a medida de 30 cm a partir deste. Nas cores
vermelho, branco, azul, verde, amarelo e carijó nas cores supra citadas. É possível, ainda, carijós em marrom ou cinza.
TIPOS DE NÓS DE LENÇO VISITE A PÁGINA: 


PALETÓ e BLAZER
usado especialmente para ocasiões formais, podendo ser do mesmo tecido e cor das bombachas.
Obs: é vedado o uso de túnicas militares substituindo o paletó.


FAIXA
Opcional, se usada deverá ser lisa, na cor vermelha, preta de lã ou bege cru (algodão), de 10 a 12 cm de largura.


GUAIACA:
tendo de uma a três guaiacas, interna ou não, com uma ou duas fivelas frontais, ou de couro cru, com ou sem guaiacas, mas sempre com uma ou duasfivelas frontais, ambos deverão ter no mínimo 7cm de largura




CHAPÉU: 
de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais.
Obs. É vedado o uso de boinas e bonés.





BOTAS: 
De couro liso nas cores: preto, marrom (todos os tons) ou couro sem tingimento.
É vedado o uso de botas brancas.

A altura do cano varia de acordo com a região. Normalmente o cano vai até o joelho.
As botas “garrão de potro” são utilizadas  exclusivamente com traje de época.




PALA:De uso opcional. Se usado deverá ser no tamanho padrão, com abertura na gola.
Poderá ser usado no ombro, meia-espalda, atado da direita para a esquerda. Poderá ser usado em todos os trajes.




ESPORAS: SOMENTE USADAS EM APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS E CAMPEIRAS.
Obs: é vedado o uso de esporas em bailes e fandangos



FACA
 O uso da faca é opcional nas apresentações artística e VEDADO nas demais atividades sociais.

Peão Mirim


A indumentária para categoria Peão Mirim segue as mesmas diretrizes da pilcha para o peão adulto com as ressalvas a seguir: Para dançar em palcos, festivais, rodeios artísticos os peões dos grupos de danças da categoria mirim não usam: espora, chapéu, pala e faca. Segundo Paixão Côrtes (Ponto e Pesponto) as crian­ças não devem usar nada que prive seus movimentos naturais de crianças. Devem ser retirados [...] “penduricalhos, cujo o peso da roupa, prive que as crianças se movimentem, infantilmente”.


 RETIRADO DO SITE:
http://dancasgauchasdesalao.blogspot.com.br/p/pilchas.html